"2009/6/17 Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "Conjuntos de Ginástica Rítmica": Estive a ler o seu post de 2008 sobre o rendimento escolar das atletas, a minha filha é atleta está a iniciar-se agora na competição, ela gosta muito, foi ela que pediu para pratica esta modalidade com a carga horária de treinos que tem nunca será uma atleta de primeira divisão, também não vejo nela 'aquela vontade' se eu visse consideraria seriamente o mudar de clube, escola ou quem sabe de cidade, no entanto dói-me ver pais á porta do ginásio com as filhas a chorar dentro do carro que não querem ir e eles vão prometendo varias coisas para elas irem treinar e elas lá vão e á saída eles comentam: vê, já está feliz. Eu também acho que aquela cara é de felicidade, mas de felicidade por o sacrifício daquele dia estar terminado.
::FOTO: A Maria e a Bruna no início da sua ligação com a GR::Cara anónima,
antes de mais obrigado pela sua visita e comentário.
Por achar o tema forte do seu comentário um assunto interessante de debater optei por lhe dar resposta na forma de um novo assunto.
::A Bruna numa pose em MINI e mais tarde a auxiliar as juízes (Infantil)::
Não posso falar por toda a comunidade de pais da ginástica rítmica(nem mesmo dos que me estão mais chegados), como é óbvio, mas a minha experiência como pai de duas ginastas e "tio" emprestado de umas dezenas de outras dão-me alguma experiência para no mínimo, ter algumas reservas sobre o sentido que está por trás da sua última frase, e por isso a achar merecedora de algumas considerações.
Arriscaria um valor na ordem dos 80/90% em como a grande maioria das ginastas teve os seus momentos de choro e de finca pé a dizer que não gostam da ginástica e que querem fazer outra coisa qualquer que não aquele desporto. Acontece principalmente nas mais pequenas e na altura em que em competição sofrem um choque maior na carga de treino, deixa de ser aquela brincadeira que estavam habituadas nas 'MINIS' e 'INFANTIS' e conhecem 'outra' treinadora, mais dura e mais exigente com elas. Essa nova responsabilidade, maior esforço e medo de não conseguir cumprir com o que lhes é agora pedido, e atenção que não se trata de lhes pedir que sejam sempre as primeiras, não, trata-se de lhes pedir que dêem o máximo das suas capacidades e isso custa e isso provoca a vontade de fuga e abandono da modalidade. Aconteceu-nos cá por casa com a pequenita Maria e agora mais tarde com a pequenita Bruna e vimos acontecer com outras tantas ginastas durante o tempo que já temos de GR.
::A Maria (Esperança)::
Pessoalmente e por achar que as ginastas cá de casa tem alguma apetência para a modalidade, optámos por não desistir na 'primeira' birra, o que recriou o ambiente que descrevia no seu comentário, choro à porta do ginásio. Com duas crianças que embora irmãs tem as suas diferenças bem marcadas, essa experiência inicial com a Maria foi curta e rapidamente esquecida o que nem chegou para nos deixar dúvidas sobre insistir ou não, no caso da Bruna, mais actual, é diferente, por isso, e dado o tempo que por cá achámos razoável esperar, o futuro na modalidade passou para as suas mãos, e ela sabe-o. Estaremos no entanto muito em cima para lhe dizer as consequências e o que trataremos de preparar para uma boa ocupação física e psicológica de futuro caso ela (ou a irmã) decida um dia mudar de rumo.
Quando digo que tenho algumas reservas em concordar consigo na sua frase final, é porque, como referi atrás, já vivemos essa experiência e em dias mais complicados em que até se faz um acompanhamento da ginasta mais de perto(muitos telefonemas para o clube) chegamos à conclusão que o que lhes custa mais é mesmo o receio inicial de encarar a responsabilidade do treino, e que após se encontrar no praticável e a convivência com as colegas as fizer esquecer alguns dos seus receios, o treino corre com naturalidade e com as vicissitudes de um qualquer dia de trabalho do qual elas tiram momentos de prazer e outros talvez um pouco mais difíceis e duros de suportar. É, sinceramente, o que eu acho. Agora, a felicidade ao fim de um dia de trabalho é normal até para nós adultos quanto mais para as pequenitas ginastas, mas os animados relatos e demonstrações no meio da cozinha sobre alguns novos movimentos são para nós indicadores preciosos do estado das ginastas.


A GR de competição não é uma modalidade fácil, o sacrifício físico o choro estão muitas vezes por perto, diria mais, fazem parte do 'pacote', e por vezes é necessário e aceitável que se 'compre' a ginasta, no entanto, se esta a determinada altura dá sinais repetidos e repetidos que não dá para ela então é necessário parar pensar e agir em conformidade com a boa avaliação da situação. Por muito que possa custar aos pais.
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